Você certamente já ouviu alguém recitar
que “educação vem de berço”, referindo-se às primeiras lições de bom comportamento,
que desde muito cedo, são introduzidas aos indivíduos ainda no refúgio familiar.
Mas o que essa premissa tem a ver com o fazer jornalístico?
Na realidade a resposta é simples: tudo! E mais, apesar de não duvidar que a educação (seja ela
comportamental ou intelectual) seja fundamental para qualquer profissão, defendo a ideia de que para o jornalista - assim como para alguns outros profissionais que desenvolvem
atividades com uma exigência maior de comprometimento, e conseqüentemente com
uma carga maior de impacto na sociedade - essa máxima deveria ganhar alguns
outros atributos, como: responsabilidade e caráter, por exemplo. E quanto ao
berço, poderíamos aqui nos referi alusivamente à universidade que – ao menos na teoria -
é o espaço convencionado a desenvolver e preparar tais profissionais.
Mas até que ponto um curso
universitário tem a ensinar sobre responsabilidade profissional (e pessoal)? Será que é
possível se aprender a ter caráter dentro de uma sala de aula?
Sou um pouco cética quanto a tais questionamentos, primeiro por acreditar que 50% do jornalismo é composto
por vocação. E não me refiro unicamente à vocação de escrever bem, - já que pra mim isso deveria
ser um compromisso e uma obrigação pessoal – não só para jornalistas. Mas
vocação de comprometimento, de respeito, de missão mesmo. E isso, meu caro, não se ensina, ou tem ou não tem.
Durante o semestre passado vivi, na faculdade, uma experiência
maravilhosa e proporcionalmente incômoda. Maravilhosa por que por seis meses tive
a especial oportunidade de ser aluna de uma grande profissional do jornalismo
brasileiro e paraibano, exímia enciclopédia humana, super dedicada à sua função, antenada com novas tecnologias da comunicação e – acredite – cega.
O incomodo, porém, se deu pela
frustração de, por um motivo
bem tolo, não ter podido explorar mais de tal oportunidade. Já que uma boa parcela dos meus colegas não conseguiu adaptar-se a uma
professora que – aparentemente - não os enxergava.
Piadinhas, diálogos incansáveis e
até pegadinhas das mais inacreditáveis eram certas a cada aula. Como num dia em que um colega entrou na
sala na ponta dos pés, após ser avisado por celular que a chamada seria feita, e tão logo respondeu “presente”, retirou-se da sala, sem ao menos ouvir uma única palavra da aula. Uma lástima, pra ele, claro.
Por inúmeras vezes tive que respirar fundo e contar até mil para não expressar de forma veemente meu repúdio, mas por fim entendi que os grandes prejudicados, de todo o circo, eram os próprios artistas, não eu, e muito menos a já tão experiente docente. Afinal, de quem realmente seria a
deficiência? Da profissional (que enfrentou todas as possíveis e impossíveis
limitações e conquistou um lugar de destaque, sendo inclusive homenageada - neste
mesmo ano – por um conceituado prêmio jornalístico do estado), ou dos inocentes jovens, que apesar de já estarem numa sala acadêmica demonstravam que pouco assimilaram do berço pelo qual já passaram, e menos ainda, do que encontram-se agora?
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