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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ok, vamos falar de Big Brother Brasil


A décima segunda edição do reality show mais antigo e lucrativo da TV brasileira mal começou e já está causando tumulto na opinião publica. Atingindo, inclusive, quem não é telespectador da atração, mas involuntariamente é invadido todos os dias, seja na internet ou nas rodas de conversas, com novos capítulos dessa novela que, apesar de apresentar a cada edição novos protagonistas, está mais para “Vale a pena ver de novo”, que na minha crítica opinião nem vale tanto assim. 
A polêmica da vez, no entanto, parece ser nova (eu disse, parece): um estupro transmitido em tempo real. Uau! Será? 

Como consciente não telespectadora do BBB, estou acompanhando – inicialmente contra minha vontade – o desenrolar da história através dos portais de notícias e dos vídeos publicados no Youtube. E em resumo, o que constatei foi que depois de uma festa, regada com muita bebida e danças insinuantes, três participantes deitaram numa única cama, dois rapazes e uma moça. Um dos rapazes virou-se para um lado e dormiu, enquanto os outros parecem ter continuado a “festinha” em baixo do edredom. Inicialmente nada demais, para um programa que explora exatamente o que existe de mais bizarro na condição humana, tanto que depois da imagem ser exibida, o apresentador do programa Pedro Bial (jornalista que merecia um post exclusivo) enalteceu sorrindo: “O amor é lindo”.

Instantaneamente o caso chegou à internet, e se alastrou pelas redes sociais, dividindo opiniões. Estaria a moça realmente desacordada e indefesa? Teria realmente ocorrido um crime diante das câmeras? Muitos internautas afirmavam enfurecidos que sim. Instituições em defesa da mulher começaram a se pronunciar, a polícia envolveu-se no caso, a participante que dividiu o edredom foi ouvida, a produção do programa se descabelou e uma decisão foi anunciada, pelo mesmo sorridente e satisfeito apresentador, mas agora com cara de poucos amigos: “Daniel, você está eliminado do Big Brother Brasil.”

Num passeio pelos vídeos relacionados da lista do Youtube, outras cenas se revelam. São outras edições do programa, outros participantes e outros excessos vexatórios, bem semelhantes ao da vez. Como por exemplo, na edição passada (2011) quando – também numa festa - o ator, apresentador e DJ André Marques protagonizou gestos ousados em concordância com uma das participantes do BBB 11. Ou neste, onde dois os participantes do BBB 7 iniciam um dialogo pitoresco, até que a moça declara: “As pessoas desse estilo (referindo-se a ela (Fany) e Alemão) não tem que vim pra programa em redes nacional, não tem que vir pro Big Brother. Pessoas como eu não podem vir ao Big Brother. Eu não sei o quê que estavam na cabeça quando me chamaram. Eu me viro aqui sentada, me encosto no Alemão e ainda digo que quero dar.” 

E outros... e outros... e outros tantos vídeos.

Ou seja, nada é novidade. Polêmica, Sexualidade e voyeurismo é exatamente a essência do Big Brother. Ninguém que assiste ao programa espera ver outra coisa que não seja isso. É o que dá audiência, é o que dá lucro, aliás, bastante lucro.

E em meio a toda essa confusão, somente algo me intriga, se estamos falando de um programa de TV, que é monitorado 24 horas por câmeras e – suponho que - por uma equipe, por que os participantes não foram advertidos no momento da ação? Por que a produção permitiu, consentiu e apoiou um suposto estupro, dando -  assim como os expectadores - apenas uma espiadinha? 


Também no Youtube existe um vídeo que mostra como a produção do Big Brother sabe ser bastante enfática na repreensão aos participantes. Na edição 9, o diretor Boninho ameaçou a participante Ana Carolina, que estava usando um alicate não esterilizado, em outra participante que era diabética, dizendo: “Vou arrancar seu braço”. 

Ficam no ar alguns questionamentos: por que a decisão de expulsar o participante Daniel Echaniz partiu somente após a pressão criada com a polêmica? Seria tudo isso um grande teatro para dar ainda mais ibope à atração? Há também quem fale em racismo, pelo fato do rapaz ser moreno e a moça loira. 


Concluindo, não aposto nessa última suposição, e ainda que ache a reflexão crítica bem vinda, particularmente não tenho uma opinião sobre o caso, que, aliás, pouco me interessa aprofundar. Por que  me perdoem os que gostam e assistem, mas eu tenho coisas bem mais interessantes para me ocupar.


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