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sábado, 31 de dezembro de 2011

Daniel Piza - Infeliz coincidência

Na noite desta última sexta do ano (30) o autor e jornalista Daniel Piza faleceu decorrente a um acidente vascular cerebral (AVC). 
Em seu blog, na página do Estadão de São Paulo, uma infeliz coincidência choca. Há exatos 4 dias antes de sua morte o jornalista relatou num post intitulado "Lágrimas" que o final de 2011 foi marcado por mortes marcantes.
No print abaixo a dissonância do destino. O post publicado por Piza em 26 de dezembro de 2011, e logo acima o destaque da notícia sobre sua morte no portal do Estadão.



Em seu último post, este escrito na quarta dia 28, ele anuncia a pausa para o final de ano e promete um retorno no dia 11.

"Parada de fim de ano. Volto no dia 11. Feliz 2012 para todos nós."

Daniel Piza, nasceu em São Paulo em 1970 e estudou Direito no Largo de São Francisco (USP), iniciou sua carreira de jornalista em "O Estado de S. Paulo" (1991-92), onde foi repórter do Caderno 2 e editor-assistente do Cultura. 

Trabalhou em seguida na Folha (1992-95), como repórter e editor-assistente da "Ilustrada", cobrindo especialmente as áreas de livros e artes visuais. Foi editor e colunista do caderno Fim de Semana da "Gazeta Mercantil" (1995-2000).
Em maio de 2000, retornou para "O Estado de S. Paulo", em que trabalhava como colunista.
Traduziu seis títulos, de autores como Herman Melville e Henry James, e organizou seis outros, nas áreas de jornalismo cultural e literatura brasileira, segundo informa o site que mantinha.
Escreveu 17 livros, entre eles Jornalismo Cultural (2003), a biografia Machado de Assis --"Um Gênio Brasileiro" (2005)--, "Aforismos sem Juízo" (2008) e os contos de "Noites Urbanas" (2010). Fez também os roteiros dos documentários "São Paulo" --Retratos do Mundo e Um Paraíso Perdido-- e "Amazônia de Euclides".
O jornalista deixa a mulher, a também jornalista Renata Piza, e três filhos. [Folha]

Atordoada e triste com a obrigatoriedade de aumentar a lista de grandes nomes que partiram, feita pelo próprio Piza, desejo à todos um ano de grandes evoluções, conquistas e sucesso para todos. Que Deus nos abençoe! 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sindicato dos Jornalistas critica imprensa por "condenar" inocente


Por Comunique-se

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba repudiou em nota neste domingo (13), o caso do pai que foi acusado pela imprensa local de violentar suas duas filhas, quando exames posteriores comprovaram morte por envenenamento. 

De acordo com a entidade, a notícia partiu de pessoas que não estão habilitadas para a prática profissional e que estão descomprometidas com a responsabilidade e apuração necessária para a divulgação dos fatos, além da ética inerente à profissão. 

Segue, abaixo, a nota do sindicato: 


A sociedade paraibana ficou estarrecida com a divulgação do falecimento de duas meninas menores de três anos, cujas mortes foram atribuídas ao próprio pai, mediante a grave acusação de abuso sexual. A publicação de notícias sem a devida confirmação dos fatos induz o jornalista a erros que, muitas vezes, geram danos de variadas intensidades. O médico responsável pelo atendimento à primeira criança suspeitou de estupro e encaminhou o caso ao Conselho Tutelar. A informação precipitada e a rápida divulgação do fato, sem que a veracidade do conteúdo fosse confirmada por um laudo especializado, gerou uma perigosa cadeia de notícias baseadas apenas na suposição. A multiplicação de sites e blogs aproveitando a flexibilidade da legislação, que não dispõe de mecanismos regulatórios, possibilita o ingresso no mundo das comunicações de pessoas despreparadas para o exercício da nobre profissão de jornalista, o que pode causar estragos de variados níveis de gravidade. É preciso que a velocidade digital não se sobreponha à informação verdadeira e necessária à segurança e à estabilidade social. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba repudia a prática jornalística por pessoas que não estão habilitadas para a atividade profissional, descomprometidas com a responsabilidade da informação e com os devidos princípios éticos.


Documentário mostra a rotina da redação

Por Comunique-se

Os jornalistas de O Globlançaram essa semana o documentário"Notícias da Redação", nnovsite dJornal. 

Com roteirdcríticde cinema André Miranda, imagens dofotógrafGustavPellizzon, direçãdeditor de Imagens Multiplataformas, RicardMelle narraçãddiretor da Redação, AscâniSeleme, o filme mostra a rotina de trabalhdos jornalistas na redação. A produçãmostra desde as discussões da reuniãde pauta à correria dfechamento, passandpela tensãdrepórter diante da tela do
computador e pelos telefones que nãparam de tocar.

Vários colunistas de O Globforam entrevistados para odocumentário, entre eles AncelmGois, Míriam Leitão, FláviaOliveira, RenatMauríciPrado, Merval Pereira, Artur Xexeo, Patrícia Kogut e Zuenir Ventura.

"A ideia era mostrar que jornalista é igual a qualquer leitor, a gente também gosta de ler o jornal ncafé da manhã. Talvez a única diferença seja que gostamos tantdissque optamos por trabalhar fazendjornal", diz André Miranda.

vídemostra os novos desafios trazidos aos jornalistas pelas mídias digitais, além da seçã"Diretda Redação", um canal de vídeos com depoimentos dos jornalistas.

documentáripode ser vistnsite O Globo:
http://oglobo.globo.com/videos/t/todos-os-videos/v/selecaooglobo/1694112


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Brincadeira tem limite. E piada, tem também?

Depois de toda a polêmica que envolveu a cantora brasileira que canta inglês Wanessa ex Camargo e o humorista provisoriamente ex CQC Rafinha Bastos, vugo personalidade mais influente do Twitter no mundo, parece que a onda de piadas mal digeridas virou moda.

Agora, segundo o portal Imprensa, é a vez do jornalista Marcelo Bandeira processar os humoristas,  Dani Calabresa e Bento Ribeiro, apresentadores do programa "Furo MTV". O motivo da ação, que exige R$ 300 mil de indenização, deve-se à sátira feita para a apresentadora Claudete Troiano, da TV Gazeta, com quem Marcelo Bandeira trabalha.

Durante os comentários, Dani Calabresa refere-se a Marcelo como "a bicha que trabalha com ela" referindo-se a Marcelo Bandeira, que trabalha com Claudete, comentando sobre as celebridades. (ver em 1:37 do vídeo) 

O debate em questão é: Estaria mesmo os humoristas ultrapassando a linha ténue que separa o humor da ofensa? Ou estariam, os responsáveis pelas ações judiciais, procurando uma oportunidade de ganhar um orçamento extra, e quiça alguns minutinhos a mais de mídia?

Responda, quem se atrever.

      

Fonte: YouTube | Portal Impresa                                                                                                                                                                                                                                                                                              

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A teoria do espelho e o jornalismo de entretenimento feito na web



Por Marcelo Rebelo

Defendida por muitos, a Teoria do Espelho traduz a ideia da fotografia e sua reprodutibilidade técnica, ou seja, o jornalista é um observador desinteressado, que retrata fielmente a realidade. Nesse momento de frenesi midiático por qual o mundo vive, ela cai como luva para o jornalismo de entretenimento, sobretudo o praticado na web, que está no chão por refletir com perfeição em seus textos a mediocridade pela qual passa a indústria do entretenimento mundial. 

Com a globalização e a instantaneidade da informação promovida pela internet e incrementada com as redes sociais, o modelo cultural mundial passou a ser o norte-americano, incentivador do consumismo, um prazer almejado mundialmente. Assim, o jornalismo de entretenimento praticado por lá - de culto às celebridades, de incentivo à indústria milionária dos paparazzi e de imposição a padrões de beleza absurdos - é hoje macaqueado em todo o globo. 

Entretanto, não precisamos continuar com o nosso complexo de vira-latas - como se referia Nelson Rodrigues ao sentimento tupiniquim de inferioridade aos europeus e aos norte-americanos - pois estamos em condição de competir cabeça a cabeça com os gringos no quesito como produzir um jornalismo de entretenimento de péssima qualidade. 

Basta uma navegada superficial nos três principais portais do país (UOL, Terra e G1) para comprovar o baixo nível do jornalismo de entretenimento praticado aqui. As manchetes fazem rir de tão risíveis e o conteúdo chega mesmo a assustar. "Luana Piovani chama Carolina Dieckman de tronquinho", "Grazi faz ensaio sensual e diz que usava enchimento", "Top Izabel Goulart curte folga patinando toda equipada" e outras pérolas. E a coisa segue ruim. 

O imbróglio causado por uma piada grosseira dita por Rafinha Bastos para Wanessa Camargo virou um espetáculo à parte e, após quase três semanas, o fato ainda reverbera na mídia e nas redes sociais. A surreal manchete do site F5, canal de entretenimento da Folha, "Feto de Wanessa é autor de processo contra Rafinha Bastos", foi uma verdadeira aula de jornalismo em como se criar um Fait Diver. 

E a expressão "aquilo que está ruim pode piorar" é levada à risca com o fim do diploma para o exercício da profissão. Ao invés de profissionais, veem-se aspirantes a celebridades atuando como repórteres, principalmente na TV. As entrevistas e matérias realizadas são puro nonsense, com as celebridades sentindo-se à vontade para trocar beijinhos, falar da dieta, negar boatos, divulgar trabalhos, gargalhar, reclamar dos paparazzi, enfim, uma festa entre amigos. 

O curioso nessa relação é que a fronteira entre fonte e repórter, base para a isenção e um dos pilares para a produção de um texto jornalístico de qualidade, simplesmente não existe. O professor e pesquisador Nilson Lage, ensina que é tarefa comum dos repórteres selecionar e questionar suas fontes, colher dados e depoimentos, situá-los em algum contexto e processá-los segundo as técnicas jornalísticas. Assim, técnica e teoria são ignoradas e conceitos díspares como jornalismo e assessoria de imprensa fundem-se.

Acredito que, além da globalização, um dos principais motivos para o declínio da qualidade do jornalismo de entretenimento esteja na facilidade e baixo custo de produção das notícias propiciadas pelo meio virtual. Hoje, meia hora após uma celebridade ser fotografada numa situação qualquer, já existe uma nota num site. Nesse processo tem-se a clara impressão de que a teoria do gatekeping, importante por exercer um filtro na qualidade informacional, parece não ter mais valor, pois com a inexistência de limites espaciais e custo quase zero para publicação de textos na web, sobra espaço para tudo. Desse modo, a qualidade informacional cede lugar ao fugaz e ao descartável, pressionada pela rapidez e pela instantaneidade com que a informação é obrigada a circular na web. 

O lamentável é que profissionais com prática e vasta bagagem cultural, aptos a produzir um jornalismo de entretenimento de qualidade veem sua área de atuação cada vez mais reduzida. A crítica literária, teatral, cinematográfica e musical que exige anos de estudo e preparação foi relegada a cadernos e matérias especiais nos meios impressos e sumariamente substituída pela resenha nos sites. 

Acredito que o empobrecimento do jornalismo de entretenimento é um caminho sem volta, pois enquanto houver público disposto a consumir esse tipo de assunto mais material com esse cunho será produzido. Nem mesmo o Código de Ética dos Jornalistas pode ajudar a reverter essa situação, pois o inciso II, do artigo 6º, diz que "é dever do jornalista divulgar os fatos e as informações de interesse público", e como o interesse do público tem se voltado para o que está no fundo do fosso, acostumemo-nos com o ruim, então.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

1° Encontro Mundial de Blogueiros começa hoje e terá transmissão on line


O 1º Encontro Mundial de Blogueiros começa quinta-feira (27) e vai até sábado (29) em Foz do Iguaçu. O objetivo é debater o papel da blogosfera na democratização da comunicação, e já colocando em prática esta ação, o encontro será transmitido em tempo real pela internet através do site oficial do evento. 


Internautas do mundo todo que não conseguiram estar presentes no encontro poderão acompanhar a programação e interagir com os participantes através do Twitter e do Facebook. No primeiro a forma de manter contato é através da hashtag #blogmundofoz e pelo Facebook basta curtir a página oficial e se manter atualizado. 


Esta integração já é marca registrada do encontro de blogueiros. O 2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas que aconteceu em março deste ano mobilizou mais de 30 mil internautas em todo o mundo durante os três dias de transmissão. A hashtag do evento ficou em primeiro lugar no Tranding Topics Brasil do Twitter por dois dias e até o presidente do Peru, Ollanta Humala, enviou uma saudação aos blogueiros através de seu perfil pessoal no Twitter. 


Youtube – Os principais palestrantes serão entrevistados em coletiva, as entrevistas serão gravadas e disponibilizadas no canal do Clickfoz no Youtube. Entre os nomes em destaque estarão o jornalista Ignácio Ramonet, e o porta-voz do Wikileaks, Kristinn Hrafnsson. Este último é um dos mais esperados do evento em função das polêmicas que permeiam o site de abertura de documentos. 


Recentemente o fundador do Wikileaks, Julian Assange, anunciou a suspensão das atividades do site por motivos de crise financeira. A única maneira de o portal se manter é através de doações feitas pelos admiradores do espaço, porém as empresas Visa, MasterCard e Payal bloquearam o repasse de dinheiro. Com certeza o futuro do site é uma dúvida que intriga os participantes do encontro, e por isso a expectativa em ouvir o porta-voz Hrafnsson.


Livro – o resultado dos dois dias de intenso debate será transformado em uma carta com as resoluções e também em um livro, patrocinado pela Petrobrás, apoiadora do evento ao lado de Itaipu Binacional e Sanepar. 


Programação


28.11.2011 (hoje)


14h Credenciamento
19h Coquetel de abertura


29.11.2011 (sexta)


9h Debate: "O papel das novas mídias"



- Ignácio Ramonet – criador do Le Monde Diplomatique e autor do livro “A explosão do jornalismo”;
- Kristinn Hrafnsson – porta-voz do WikiLeaks;
- Dênis de Moraes – autor do livro “Mutações do visível: da comunicação de massa à comunicação em rede”;
- Luis Nassif – jornalista e blogueiro;
* Mesa dirigida por Natalia Vianna (Agência Pública) e Tatiane Pires (blogueira do RS)



14h Painel: “Experiências nos EUA e Europa”


- Pascual Serrano – blogueiro e fundador do sítio Rebelión (Espanha);
- Andrés Thomas Conteris  - fundador do Democracy Now em Espanhol (EUA);
- Henrique Palma – criador do blog “A perdre La raison” (França) ;
- Jillian York – blogueira, colunista do Huffington Post, Guardian e da TV Al Jazeera (EUA);
* Mesa dirigida por Renata Mielli (Barão de Itararé) e Altino Machado (blogueiro do Acre);

16h – Painel: “Experiências na Ásia e África”.

- Ahmed Bahgat – blogueiro e ativista digital na “revolta do mundo árabe” (Egito);
- Atanu Dey – blogueira da Índia e especialista em Tecnologia da Informação (Índia);
- Pepe Escobar – jornalista e colunista do sítio Ásia Times Online (Japão);
- Mar-Jordan Degadjor – blogueiro e diretor da ONG África para o Futuro (Gana);
* Mesa dirigida por Renato Rovai (Altercom) e Sérgio Telles (blogueiro do Rio de Janeiro);

Dia 29 de outubro (sábado):

9h Painel: “Experiências na América Latina”.

- Iroel Sánchez – blogueiro da página La Pupila Insomne e do sítio CubaDebate (Cuba);
- Osvaldo Leon – editor sítio da Agência Latinoamericana de Informação – Alai (Equador);
- Martin Becerra – professor universitário e blogueiro (Argentina);
- Jesse Freeston – blogueiro e ativista dos direitos humanos (Honduras);
* Luis Navarro (Editor do jornal La Jornada – México)
* Martin Granovsky (Editor Especial do jornal Página 12 – Argentina)
* Mesa dirigida por Sérgio Bertoni (blogueiro do Paraná) e Cido Araújo (blogueiro de São Paulo);

14h Painel: “As experiências no Brasil”

- Leandro Fortes – jornalista da revista CartaCapital, blogueiro e da comissão nacional do BlogProg;
- Esmael Moraes – criador do blog do Esmael.
- Conceição Oliveira – criadora do blog Maria Frô e tuiteira.
- Bob Fernandes – editor do sitio Terra Magazine [*];
* Mesa dirigida por Maria Inês Nassif (Carta Maior) e Daniel Bezerra (blogueiro do Ceará);

16h Debate: A luta pela liberdade de expressão e pela democratização da comunicação.

– Paulo Bernardo – ministro das Comunicações do Brasil [*];
- Jesse Chacón – ex-ministro das Comunicações da Venezuela;
- Damian Loreti – integrante da comissão que elaborou a Ley de Medios na Argentina;
- Blanca Josales – ministra das Comunicações do Peru;
* Mesa dirigida por Julieta Palmeira (associação de novas mídias da Bahia) e Tica Moreno (blogueiras feministas);

18h Ato de encerramento.

Fonte: Blogueiros do Mundo

A internet não é meio de comunicação


Por Eugênio Bucci, jornalista, é professor da ECA-USP e da ESPM - O Estado de S.Paulo
No início do mês (dia 3 de outubro) a Suprema Corte, nos Estados Unidos, decidiu que baixar uma música da internet não equivale a exibir essa mesma música em público. Portanto, ao copiar o arquivo de uma canção no seu computador, o consumidor não deve ser tratado como alguém que toca essa mesma canção para uma grande audiência, no rádio ou num show.
Ora, dirá o leitor, nada mais óbvio. Baixar uma faixa de CD é mais ou menos como copiar no gravador de casa uma canção que a gente sintoniza na FM. Trata-se de um ato doméstico, que não se confunde com executar uma obra musical para uma plateia de 5 mil espectadores. No entanto, até hoje, o pensamento oficial sobre a internet - em especial o pensamento das Cortes de Justiça - carrega uma tendência de equipará-la aos meios de comunicação de massa. Um erro grosseiro e desastroso. Além de obtusa, essa visão traz consequências perversas, como a que levou parlamentares brasileiros, há coisa de dois anos, a tentarem aprovar uma lei que impedia os cidadãos de manifestarem suas opiniões sobre as eleições em sites e blogs durante o período eleitoral, como se a rede mundial de computadores fosse da mesma família que as redes de televisão e de rádio, que funcionam sob concessão pública.
O furor censório dos parlamentares acabou não vingando, para alívio da Nação, mas o conceito equivocado em que ele plantou seu alicerce continua aí. Por isso a recente decisão da Suprema Corte, negando as pretensões econômicas e intimidatórias da American Society of Composers, Authors and Publishers (Ascap), interessa especialmente a nós, brasileiros. Ela constitui um argumento a mais para que expliquemos aos retardatários (autoritários) que nem tudo o que vai pela internet é comunicação de massa. Aliás, quase nada na internet é comunicação de massa. Para as relações políticas e jurídicas entre os seres humanos essa distinção elementar faz uma diferença gigantesca.
A internet não é televisão, não é rádio, não é jornal, nem revista, assim como não é correio ou telefone. Ela contém tudo isso ao mesmo tempo - mas contém muito mais que isso. Existem canais de TV e de rádio na internet, é bem verdade. Os jornais estão quase todos online, bem como as revistas, sem falar no correio eletrônico: as pessoas trocam mensagens, como trocavam cartas. O Skype e outros programas vieram para baratear e melhorar os velhos telefonemas, com a vantagem de mostrar aos interlocutores a cara um do outro. Logo, dirá a autoridade pública, a rede mundial de computadores internet é uma Torre de Babel em que todos os meios de comunicação se encontram e se confundem, certo?
Errado. A humanidade comunica-se pela internet - só no Brasil já são quase 80 milhões de usuários -, mas isso não significa que ela seja, como gostam de dizer, uma "mídia" que promove a convergência de todas as outras "mídias". Ela é capaz de fornecer ferramentas para que um conteúdo atinja grandes audiências de um só golpe, ao vivo, assim como permite que duas pessoas falem entre si, reservadamente. Acima disso, porém, ela abre outras portas, muitas outras. Pensá-la simplesmente pelo paradigma da comunicação é estreitá-la, amofiná-la - e, principalmente, ameaçar a liberdade que ela encerra.
A internet também é comércio: os consumidores fazem compras virtualmente - mas isso não nos autoriza a dizer que ela possa ser regulada como se fosse um shopping center. Vendem-se passagens aéreas e pacotes turísticos pela rede, mas ela não cabe na definição de agência de viagens. Correntistas acessam suas contas bancárias e pagam contas sem sair de casa, mas a internet não é banco, e, embora quitemos nossos impostos pelo computador, ninguém há de afirmar que a web é uma extensão da Receita Federal. Ela é tão ampla como são amplas as atividades humanas: aceita declarações de amor, assim como aceita lances ousados da especulação imobiliária. Nela a vida social alcança plenamente outro nível, que não é físico, mas é real, tão real que afeta diretamente o mundo físico, sendo capaz de transformá-lo. Mais que meio de comunicação, a internet é, antes, a sociedade num segundo grau de abstração. Se quiserem comparações, ela tem mais semelhança com a rede de energia elétrica do que com um aparelho de TV ou com o alto-falante na praça do coreto.
Para efeitos da regulamentação e da regulação, a internet não cabe num regime. Ela é capaz de abrigar tantos regimes quanto a própria vida em sociedade - e, assim como a vida em sociedade, é maior que o direito positivo. Ela, sim, pode conter e processar decisões judiciais e trâmites processuais, mas estes não podem contê-la, explicá-la ou discipliná-la por inteiro. Pretender controlá-la, taxá-la, pretender instalar pedágios em cada nó seria equivalente a começarmos a cobrar direitos autorais de quem empresta um livro de papel à namorada, ou, pior ainda, seria como sujeitar as conversas de botequim à legislação do horário eleitoral na televisão e no rádio.
A rede de computadores trouxe uma expansão sem precedentes a uma categoria que, nos estudos de sociologia e de comunicação, ganhou o nome de "mundo da vida". Trata-se de um conceito contíguo a outro, mais conhecido, o de "esfera pública". Nesta se encontram os temas de interesse geral dos cidadãos. No "mundo da vida" moram as práticas sociais mais arraigadas, a rotina mais prosaica, os nossos modos de amar, de velar os mortos ou, se quiserem, de conversar no botequim. Não por acaso, daí, desse mundo da vida, é que brota a esfera pública democrática; a própria imprensa nasceu dos saraus e das tabernas, quando aí se começou a criticar o poder.
Por isso, enfim, as formas de livre expressão na internet precisam estar a salvo do poder do Estado e da voracidade dos grupos econômicos. Por isso a decisão da Suprema Corte é bem-vinda.


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Intercom divulga calendário dos congressos regionais de 2012

Da assessoria da Intercom

Os preparativos para os Congressos Regionais de Ciências da Comunicação da Intercom 2012 já estão em andamento. As comissões das cinco regiões brasileiras estão trabalhando ativamente para receber os encontros, com definição de logomarca, desenvolvimento de sites e busca de patrocínio. 
No Sudeste, o evento acontece na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais, entre 28 a 30 de junho/2012.
No Sul, na Universidade de Chapecó (Unochapecó), em Santa Catarina, entre 31 de maio a 1º de junho/2012.
No Centro-Oeste, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), entre 7 a 9 de junho/2012.
No Norte, na Universidade Federal do Tocantins (UFT), entre 17 a 19 de maio/2012.
No Nordeste, na Faculdade Boa Viagem (FBV), em Recife, entre 14 a 16 de junho/2012.

 Outras informações no Portal Intercom (www.intercom.org.br). 

Em Novembro: Caco Barcellos em João Pessoa


Nem preciso dizer que MASTER recomendo, e vou fazer o possível para estar presente.
Parabéns ao @Ca_informa pela conquista e a Idealize pela belíssima gestão. 



terça-feira, 25 de outubro de 2011

ANJ debate meios digitais na ESPM

AE - Agência Estado
De que forma as redes sociais e a expansão das mídias afetam a ética jornalística? Blogs e Twitter são uma ruptura ou uma extensão do modo tradicional de informar? Questões como essas, que trazem à cena o impacto das tecnologias na vida da imprensa, reúnem amanhã, em São Paulo, jornalistas e especialistas dessas áreas no seminário Comunicação Digital: Desafios Éticos e Legais das Empresas Jornalísticas. 

Serão quatro painéis, entre 9h30 e 17 horas, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), organizados pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) e pela ESPM. "Uma pesquisa exclusiva revelará como as redações administram a reputação e a exposição de seus jornalistas nas redes sociais", antecipa Marcelo Rech, diretor da ANJ.

No primeiro painel, Eugênio Bucci, diretor da ESPM, e Pedro Dória, de O Globo, debaterão o tema "Há uma ética digital e uma ética analógica?". A coordenação será de Ricardo Gandour, diretor de Conteúdo de O Estado de S. Paulo. No painel seguinte, o tema será "Blogs pessoais e twitters: como as empresas administram este conteúdo?", a cargo de Helder de Oliveira e Alexandre Jobim, ambos da ANJ.



Apresentação 
As novas extensões digitais abriram oportunidades, mas também grandes desafios para as empresas de comunicação.   
Para os jornais, é possível se pensar em uma ética específica para o mundo digital? E como os jornais devem lidar com novos produtores de informação digital que nem sempre partilham dos mesmos valores éticos? Como tratar blogs e twitters pessoais de jornalistas? Blogs pessoais de jornalistas são concorrentes ou extensão do trabalho na redação? Quais as ameaças legais e os riscos trabalhistas implícitos nesta atividade?  
Estas e muitas outras questões que afloram cotidianamente nas redações estarão em debate no Seminário sobre Comunicação Digital: os desafios éticos e legais das empresas jornalísticas. Promovido pelo Comitê Editorial da Associação Nacional de Jornais e pela ESPM/SP, o seminário terá a presença de dirigentes de redação e de alguns dos maiores especialistas brasileiros em jornalismo digital. 
Uma pesquisa exclusiva revelará como as redações dos principais jornais brasileiros administram a reputação e a exposição de seus jornalistas nas redes sociais. E, para 
problemas novos, soluções novas: o seminário indicará como as 
redações que já avançaram neste campo gerenciam estas oportunidades e desafios. 

Marcelo Rech  Diretor do Comitê Editorial da ANJ





Programação 


9h15min 
Abertura/saudação: Marcelo Rech, diretor do Comitê Editorial da 
ANJ e diretor-geral de Produto do Grupo RBS 
Painel 1 
9h30min 
Há uma ética digital e uma ética analógica? 
Debatedores: 
 - Eugenio Bucci – Colunista, diretor do curso de pós graduação 
em Jornalismo da ESPM e professor da USP 
 - Pedro Doria – Editor executivo de O Globo 
Coordenação: Ricardo Gandour – Diretor de Conteúdo  de O Estado 
de S.Paulo 
Painel II 
11h 
Blogs pessoais e twitters: como as empresas administram este 
conteúdo? 
Debatedores: 
 - Helder Luciano de Oliveira, diretor do Comitê de RH da ANJ e 
diretor de RH da Gazeta, de Vitória.  
 - Alexandre Jobim, advogado da ANJ e integrante do Comitê 
Jurídico da ANJ. 
       
Coordenação: Luiz. F Rocha Lima – Diretor de Jornalismo da 
Organização Jaime Câmara (OJC) 
12h30min – Almoço 
14h 
Painel III 
Mídias sociais: oportunidade ou campo minado para jornalistas? 
Debatedores: 
 - Barbara Nickel, editora de Mídias Sociais da RBS
 - Mary Persia, editora de Mídias Sociais da Folha de S. Paulo  
 - Marco Chiaretti, jornalista especializado em comunicação 
digital  
Coordenação: Sandra Gonçalves, diretora de Redação da Gazeta do 
Povo 15h30min 
Painel IV 
Pesquisa sobre práticas de comunicação digital nas empresas. 
Exemplos de regras éticas das empresas e a experiência de quem 
já regrou. 
Debatedores: 
   - Elaine Loesch , gerente de pesquisas do Grupo RBS.  
   - Caio Tulio Costa, jornalista, doutor em Ciências da 
Comunicação, professor e consultor de novas mídias 
   - Ricardo Feltrin, secretário de Redação de Novas Mídias do 
Grupo Folha 
   
   Coordenação: Ascânio Seleme,. diretor de Redação de O Globo
17h 
Encerramento