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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Mesa Redonda - Jornalismo Sensacionalista



Na última quarta (19) tive a honrosa oportunidade de participar da Mesa Redonda "Jornalismo Sensacionalista", organizada pelo CA de Comunicação da UFPB (Gestão Idealize), com a presença de grandes nomes do telejornalismo paraibano (e também daquilo que alguns teimam chamar de telejornalismo).

Compunham a mesa, Patrícia Rocha e Bruno Sakaue (ambos da Cabo Branco afiliada da Rede Globo), Samuka Duarte (TV Correio / Record), Fábio Araújo (Tv Tambaú/SBT), Lauro Lima (TV Clube/Band) e Jonas Batista (Tv Arapuã/Rede TV), mediando o debate a competente professora e jornalista Agda Aquino.

Reunir numa só bancada cinco grandes emissoras para debater o jornalismo sensacionalista não é uma tarefa simples, assim como não foi. Enganava-se quem (como eu) imaginava que só veríamos discursos rasos e dissimulantes, de fato em alguns momentos eles estavam presentes, mas em sua maioria o que se ouviu foram declarações coerentes e em algumas vezes até reveladoras, pra não dizer comprometedoras.

Diante de uma discursão tão questionável,  era de se esperar que houvessem apontamentos, questionamentos e protestos. Mas um grupo de alunos (e ex alunos) de comunicação da UFPB resolveu ir além, e destemidos armaram um teatro/picadeiro em meio ao auditório, trajados de roupas sujas de sangue artificial, maquiagem horripilante e nariz de palhaço, e protestaram contra a atuação do apresentador Samuka Duarte, em seu programa diário Correio Verdade. 

Como bem posicionou-se a mediadora Agda, a universidade é um espaço democrático, permissível de manifestações como aquelas. No entanto, no meu ponto de vista, o excesso de engajamento tornou a permissão em falta de respeito e baderna. 

E o excesso veio de todos os lados, do "palanque" onde Samuka teimava em não permanecer sentado (como os demais), esquivando-se das perguntas e ironizando a reação da platéia, que o vaiava, mandando beijinhos e fazendo coraçãozinho com as mãos, e dos estudantes que não o deixavam terminar uma única frase, esbravejando até mesmo com ofensas pessoais.

Ok, o protesto se perdeu no meio do caminho.

O que também não justifica que, um dia depois do fato ocorrido, estudantes de jornalismo e comunicação em geral posicionem-se como defensores desse jornalismo às avessas e use seus blogs e redes sociais para advogar contra tudo que aprenderam na acadêmia e em favor do apresentador do Correio Verdade.

Confesso que sai daquele auditório admirando o cidadão Samuka, mas única e exclusivamente por seu autocontrole. Afinal estavam, declaradamente, todos contra ele. Ou melhor, contra o papel que ele exerce dentro da mídia paraibana. Mas continuo, ainda que não tenha absolutamente nada contra sua pessoa, enojando (palavra que ele usou para referir-se ao seu sentimento pelos estudantes que participaram do protesto) o que ele chama de jornalismo policial.

É bem verdade que naquela bancada não existiam "santos", todos ali exercem um papel de responsabilidade e sabem que em alguns momentos, ainda que a contragosto, cometem seus excessos. Mas, todos hão de convir que o que Samuka e seus ajudantes (repórteres) fazem na televisão não é jornalismo, até por que não foi pra isso que eles estudaram, nem é isso que eles sabem fazer.

Me intriga quando Samuka defende-se dizendo que quem não gostar de seu programa pode fazer uso de controle remoto, e simplesmente mudar de canal ou desligar a TV, e pronto. O problema estará resolvido. Mas será mesmo que é tão simples assim?  

Quer dizer que pra discordar do que é feito, basta somente eu me abster de assisti-lo? Ok, eu não o assisto. Ainda assim sei que centenas (milhares de centenas) de pessoas ainda continuarão assistindo e reverberando a violência como espetáculo, fazendo as crianças acreditarem que "Samuka boy doido" é uma boa opção pra seu entretenimento e etc. Como quem diz: Não quer ver como os hospitais públicos estão sucateados, como os pacientes são desumanamente tratados? Então não frequente a esses ambientes (use o controle remoto), faça um plano de saúde particular e todos os problemas estarão resolvidos. Será que estarão mesmo?  Devo pensar em mim e dane-se o mundo... os sem informação, os alienados que defendem que #SAMUKAÉ10NATV ?

Volto a repetir: não tenho nada contra Samuka, mas definitivamente não consigo conceber a conduta de seu programa, e ai se insere patrocinadores, diretores, editores, chefias... Muito embora eu saiba que ele não é o primeiro, o único e tão pouco (infelizmente) será o último.  Ainda assim, permaneço acreditando ser indispensável continuar não somente me importando com a minha TV sintonizada em canais A ou B, mas no que pessoas que detêm o poder da comunicação estão fazendo com a sociedade em que vivo, e pela qual também sou responsável. 


Vídeos 

- O "jornalismo" policial do Correio Verdade (Apresentação Samuka Duarte)





- Protesto dos alunos







Mais vídeos : http://www.youtube.com/prejornalismo



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