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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Campanhas políticas nas redes sociais

A eleição americana de 2008, apresentou Barack Obama ao mundo e o tornou o 44° presidente dos Estados Unidos. Mas, a campanha que elegeu o primeiro presidente norte americano negro, também firmou-se como um marco na história da internet, devido ao engajamento de eleitores, como resultado de uma série de estratégias de marketing voltadas para a publicidade na web.

Na ocasião, o pesquisador de redes sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Alex Primo, sugeriu que a partir daquele momento todos os políticos brasileiros iriam querer repetir o efeito Obama na internet. E ele não estava errado.


Na eleição presidencial do Brasil, em 2010, os três principais candidatos além de se manterem ativos em comunidades do Orkut, aderiram ao Twitter - na época, ainda novidade no Brasil - e criaram suas próprias redes sociais. Dilma Rousseff com o "Dilma na rede", até 25 de outubro de 2010 somava 6.585 membros devidamente cadastrados, hoje esse número cresceu pouco mais que 1.400 membros. O candidato dos tucanos José Serra, no ano da eleição, contabilizava 13.359 potenciais eleitores no seu "Time 45", que hoje encontra-se abandonado, tendo a última interação registrada há 1 ano e 11 meses.  Já Marina Silva, do Partido Verde, mesmo sem chegar ao segundo turno, manteve até 2010 a marca de 41.635 militantes no Movimento Marina "Sou Mais Um", que hoje não encontra-se mais disponível na rede. 

Porém, o resultado das urnas contrariou o ranking das redes criadas pelos candidatos e a eleição alavancou Dilma Rousseff, de menos prestigiada na internet à primeira mulher a presidir o Brasil.

Em 2012, a campanha municipal, contou com uma nova plataforma de propaganda: o Facebook. Mas, como declarou ministro Henrique Neves, em 2010, as soluções encontradas  para a publicidade eleitoral na internet num determinado momento, tornam-se obsoletas em outro. Por isso, o uso da nova da plataforma trouxe não só novos desafios, como também novos problemas e debates.

Para fomentar esses debates e compreender o momento atual da publicidade política na internet, o Pré Jornalismo, foi em busca de duas visões distintas, a do leitor/usuário de redes sociais e a do profissional de social media. 

NA TIME LINE DO USUÁRIO: Os problemas


Para o radialista e locutor da Paraíba FM, Cacá Barbosa, as campanhas em redes sociais carecem de planejamento, e sua postura crítica e o objetiva é o que lhe salva do ataque de cabos eleitorais e propagandas indesejadas.

Em tempos de compartilhamento até onde vai o direito de um usuário em compartilhar suas preferências políticas nas redes sociais?
Acho que todo mundo tem direito de compartilhar o que quiser, mas é preciso ter qualidade no que se compartilha. Acho invasivo, por exemplo, a pessoa entrar no chat do Facebook e pedir voto, e isso é o que mais tem acontecido desde o começo da campanha.
Meu sentimento é o sentimento de uma esmagadora maioria que tá de saco cheio do processo eleitoral como um todo.

A candidatura do atual presidente do EUA, Barack Obama, ganhou força na internet, através do engajamento dos eleitores. O que, na sua opinião, falta nas campanhas brasileiras para resultados semelhantes?
Falta a galera aqui no Brasil saber fazer. Acho que aqui as pessoas que se intitulam "social media" saem atirando pra todo lado. Afinal, um candidato não deixa de ser um produto, com público-alvo, distinto.
Há também um erro na abordagem. Poluir a timeline alheia, com o santinho do candidato em jpeg, não é a melhor alternativa. O trabalho seria bem melhor se o "social media" postasse, por exemplo, propostas dos candidatos em diversas áreas, sem viagem, sem invenção, sem fórmula mágica.
Confesso que não acompanhei o processo eleitoral nos Estados Unidos, mas aposto com quem quiser que lá as ações nas mídias sociais foram muito bem planejadas.

Seria então o amadorismo o pior dos pecados, nas campanhas eleitorais na web?
Sem dúvida. Aliás não acho que é o pior dos pecados e sim o pecado original. É a partir do amadorismo que surgem as grandes meladas das redes sociais. Aqui na Paraíba, por exemplo, qualquer zé mané com mais de 5 mil seguidores se intitula "social media".

Como conseguiu driblar a avalanche de publicidade, num ambiente construído teoricamente por "amigos"? Durante o primeiro turno conseguiu manter a sua timeline limpa, sem causar embaraço com os amigos-partidários?
Eu não me preocupei em causar embaraço. Com os amigos, amigos mesmo, antes de começar o processo eleitoral, avisei que ia deixar de seguir quem fosse cabo eleitoral, com a promessa que voltaria a seguir após as eleições, e eles entenderam.
Já os que não são amigos, nunca interagiram e vieram encher o saco no chat, por exemplo, exclui sem dó, nem piedade. Sempre tive um perfil pessoal de muita autenticidade, sempre fui assim, no real e no virtual. Então não me preocupei se a minha posição iria desagradar.

NA MIRA DO PROFISSIONAL: As possíveis soluções


O coordenador de mídias digitais do Sistema Paraíba -  que inclui a Tv Cabo Branco, filiada da Rede Globo, na ParaíbaRicardo Oliveira, comenta sobre as ações realizadas atualmente em campanhas eleitorais e também é enfático ao afirmar sua posição, enquanto usuário.

Qual o maior desafio para uma campanha eleitoral nas redes sociais?
O maior desafio, atualmente, é conseguir ultrapassar o clima de críticas constantes à politica brasileira que é presente nas mídias sociais. O público on-line tem como hábito repercutir com intensidade os escândalos. Relembrar o passado de políticos e passar pra frente o que não os agrada é o mais fácil. Gerar experiências honestas e conquistar o público através de interações pertinentes é o grande desafio.

Tendo o fenômeno Obama como inspiração. O que, na sua opinião, falta nas campanhas brasileiras?
Os contextos são diferentes, mas o vetor da participação é mundial. Nos EUA os eleitores são mais engajados diretamente de forma financeira nas campanhas. Aqui, dar dinheiro pra político é coisa de empresa que tem segundas intenções ou sinal de quem estamos confiando em quem não devemos. Porém, na campanha eleitorial de 2010 no Brasil notamos muitas mudanças. O engajamento da candidata Marina via Internet foi enorme. Tudo foi resultado de um planejamento específico para alcançar o público que é engajado. Nessa época se tinha consciência que o eleitorado conectado ainda não viraria uma eleição com votos, mas hoje, provavelmente é possível. Esse engajamento voluntário depende basicamente disso: um bom planejamento de comunicação para alcançar quem já é engajado de alguma forma.

Quais seriam os 5 principais erros cometidos nas campanhas on-line no Brasil?
É difícil listar os erros, mas um que já tenho visto acontecer nas eleições municipais é a tentativa de mascarar verdades sobre o passado dos candidatos. A web é o maior repositório de memória entre as mídias. Diferente da TV e do rádio, por exemplo, onde nós até podemos lembrar do passado, mas dificilmente levamos essa lembrança pra frente, na web você relembra e expõe. Logo, tentar mascarar algo que pode ser pesquisado na aba seguinte é um erro grave.

Enquanto usuário, como lidar com a publicidade política nas redes sociais, sem comprometer a relação com os amigos-partidários?
Minha lógica pessoal é sempre deixar de seguir ou cancelar assinatura dos conteúdos que não me interessam, independente das amizades. Não sou muito de etiqueta nessas questões, infelizmente.


E você, o que pensa sobre isso?

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