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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O furo de reportagem em tempos de Twitter



É impossível negar a grande contribuição que a rede dos 140 caracteres trouxe para a comunicação. Nunca  antes na história da comunicação houve um fluxo tão intenso e imediato de informação, como o que vivemos em dias atuais. 

O microblog Twitter integrou-se a sociedade brasileira - conhecida por ser uma das mais partidária das redes de relacionamento on-line - de tal maneira que, se antes era quase impossível não estar no Orkut, hoje é raro encontrar alguém que não tenha se adaptado a compactação de suas mensagens e rendido-se ao Twitter.

A plataforma que surgiu com a intenção de compartilhar os passos de seus usuários hoje serve também como agregador e difusor de notícias e links. Sendo atrelado, inclusive, as ferramentas daqueles que antes reinavam soberanos na produção e difusão de notícia: os jornalistas.

Mas até que ponto uma plataforma de proposta tão descompromissada pode ser tida como fonte de informação?

Antes de mais nada, vale uma ressalva: não cabe a essa discussão posicionamentos extremistas, o uso do Twitter nas redações não pode ser determinado como 100% positivo, ou 100% negativo.  Tal reflexão, na verdade, precisa ser avaliada com cuidado e suas análises certamente ultrapassariam os 140 caracteres. 

Embora o Twitter seja uma fenomenal ferramenta de divulgação, cobertura e apuração instantânea, é também, para muitos, uma plataforma de descontração, onde de forma despreocupada, usuários publicam piadas e, não raras vezes, inverdades que na timeline de um jornalista menos criterioso pode passar de furo à barrigada.

Em 2010, por exemplo, o humorista/apresentador Danilo Gentili divulgou no seu microblog que teria assinado contrato com a Rede TV, e logo estaria deixando o CQC (programa que participou de 2008 à 2011) na BAND para integrar o elenco do Pânico, programa também humorístico da concorrente. A notícia ganhou repercussão e foi replicada por alguns afoitos jornalistas em portais de notícia. Poucos minutos és a revelação: era tudo mentirinha. 

Entretanto as falácias do Twitter não se resumem a genial criatividade dos humoristas e em alguns casos podem acarretar consequências ainda maiores, em setembro do ano  passado, no México um casal enfrentou julgamento por divulgar notícias falsas no Twitter. Segundo informações divulgadas na imprensa, o professor Gilberto Martinez Vera e a locutora de rádio Maria de Jesus Bravo Pagola foram acusados de usar o microblog para espalhar pânico na cidade de Veracruz, ao afirmarem que homens armados estariam atacando escolas. A rede de telefonia da cidade entrou em colapso e foram reportadas dezenas de acidentes de carro depois que pais saíram desesperados para resgatar os filhos.

Também em Setembro, algo parecido aconteceu em João Pessoa. Mensagens veiculadas no twitter noticiavam uma possível ação de bandidos em várias escolas da rede pública da capital teria motivado toque de recolher. As primeiras notícias começaram a ser divulgadas pelos próprios alunos, através de celulares e logo chegou aos portais de notícias e as emissoras de rádios e TV. A secretaria de segurança pública do estado foi acionada, esclareceu o boato e, embora a onda de pânico tenha se alastrado na cidade, nenhum vestígio de ação criminosa foi identificada pela polícia. 

Moral da história: Em tempos de imediatismo, a rigorosidade na apuração e  a responsabilidade em noticiar tornaram-se qualidades básicas e determinantes para aqueles que se comprometeram com a verídica informação.


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