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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Reflexão: 7 vidas do jornalismo

Por Otávio Frias Filho - Diretor de redação da FOLHA DE SÃO PAULO



Jornalistas costumam ser céticos, para não dizer pessimistas. Por dever de ofício, estão acostumados a duvidar das aparências dos fatos, a desconfiar do que dizem as autoridades, a focalizar o que é problemático, falho ou ameaçador.
De tempos em tempos, o assim chamado "negativismo" da imprensa se volta contra ela própria. Foi assim sempre que o advento de mudanças tecnológicas veio afetar o modo de transmissão de informações: o telégrafo, o cinema, o rádio, a TV e agora a internet.
A desorganização do modelo de negócios anterior parece anunciar o apocalipse.
Ninguém contesta, é claro, que a evolução dos meios eletrônicos democratizou o acesso às informações. Nem que a conexão em rede fez surgir uma multiplicidade de formatos jornalísticos, estimulando a diversidade da oferta.
Mas muito desse novo jornalismo tem qualidade discutível, quando não é produto de mera pirataria. Os blogs e o jornalismo cidadão parecem oportunidades promissoras, mas quase sempre seu alcance fica limitado, seja em termos de recursos ou abrangência, seja porque expressam visões demasiado particulares e engajadas.
Para piorar, o jornalismo que emerge está eivado de entretenimento, culto à celebridade, inconsequência.
Como diz o magnata da mídia Rupert Murdoch, em nenhum lugar se tem certeza quanto ao fim do bom jornalismo como nas Redações, onde às vezes o evento tantas vezes prometido é celebrado com deleite masoquista. E comemorado pelo governo qualquer governo.
Tais preocupações, mesmo se exageradas, não são descabidas. Durante décadas, o jornalismo clássico, dito de qualidade que cultiva compromissos com a exatidão do que publica, com a relevância coletiva dos temas que aborda, com a manutenção do debate público foi sustentado por um modelo econômico hoje em risco.
Talvez jornais, revistas e livros impressos venham a desaparecer, talvez não. O papel impresso tem o carisma da credibilidade e da duração. A fotografia não suprimiu as artes plásticas, nem a TV liquidou o cinema, que não havia dado cabo da literatura ou do teatro.
Mas é pouco provável que o jornalismo de qualidade, tal como definido acima, desapareça da face da terra. Por pelo menos três razões.
A absorção de bens culturais é elástica. A quantidade de refeições, roupas ou utensílios que se pode consumir é restrita, mas a aptidão para processar informações não tem limite conhecido.
Conforme mais pessoas imergem no oceano de dados e versões que giram pela rede, maior a demanda por um veículo capaz de apurar melhor, selecionar, resumir, analisar e hierarquizar. Esse veículo, no papel ou na tela, se chama jornal.
Nunca na história humana se escreveu e se leu tanto. Um novo ambiente que é o caldo de cultura ideal para formar, com o tempo, leitores cada vez mais exigentes, mais instruídos, mais críticos. Quem sabe nunca venham a se tornar maioria, mas seu número não vai diminuir, vai aumentar.
Todo produto custa o trabalho e o tempo investidos em sua preparação. A produção do jornalismo gratuito, por isso mesmo, custa pouco. Um jornalismo de qualidade é dispendioso. Continuará a valer seu preço para aquela parcela crescente de pessoas interessadas em saber mais e melhor. A própria demanda deverá cristalizar um modelo de negócios que o impulsione.
Mas, para tanto, é preciso ter a humildade de aprender. Reconhecer que os jornais são muitas vezes cansativos, previsíveis, prolixos, distantes, redundantes, parciais cifrados para o leigo e superficiais para o especialista. Será preciso, ao mesmo tempo, desejo sincero de melhorar, experimentar, arriscar.


sábado, 12 de outubro de 2013

As barrigadas do jornalismo on-line


Apesar de recorrente às temáticas de debates o assunto a tratarmos já não é mais novidade. Com a velocidade da informação, cada dia mais, os profissionais e veículos da imprensa têm se rendido as velocidade insana da web. E é justamente nessa velocidade (ou seria na insanidade?) que se esconde o perigo.

Diversas informações inverídicas ou equivocadas já foram detonadas nos cento e quarenta caracteres do Twitter, e até mesmo nos próprios portais de renomados veículos.

Alguns casos não rendem conseqüências maiores, a não ser o constrangimento de ter que se retratar, entretanto outros casos mais graves serviram como estopim para preocupantes questionamentos.


E os (maus) exemplos servem de alerta máximo, como bem destacou o portal da revista Veja, ao se desculpar com os leitores, após divulgar uma notícia inverídica. 




Entenda o caso: Em agosto do ano passado, o site do jornal O Globo e da revista Veja publicaram uma notícia falsa envolvendo duas grandes empresas mundiais: Coca-cola e McDonald´s e o autoritarismo do governo boliviano. Na ânsia do famigerado furo jornalístico, ambos veículos publicaram que a Coca-Cola teria sido expulsa da Bolívia e com isso a rede de McDonald´s teria sido obrigada a também deixar o país. Pura insanidade. Não houve expulsão nenhuma, e quanto ao McDonald´s, a rede de lanchonetes deixou de atuar no país desde 2002 (10 anos atrás) por baixo faturamento.

O que, entretanto, chamou ainda mais atenção para o caso foi o fato do portal O Globo - diferente da Veja - não ter se posicionado eticamente, admitindo o erro e corrigindo a informação, ao contrário preferiu atribuir o equivoco a declarações do Ministro boliviano, que teria dado declarações dúbias sobre a empresa Coca-cola, induzindo ao erro. Ahãm... tá bom, faz de conta que a gente acredita (e que isso é fazer jornalismo), só que não.



sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Os 4Cs do Jornalismo


Mesmo considerando as especificidades de cada segmento, em muitos momentos as habilidades da comunicação se confundem ao ponto de não sabermos onde termina o jornalismo e começa o relações publicas, onde acaba a publicidade e começa o radialismo. Inevitavelmente estão todos interligados, e especialmente quando transferidos para o universo digital essa segregação torna-se ainda mais discutível.

Com o surgimento das redes sociais, e a atuação cada vez mais forte de empresas e profissionais nestas plataformas, agregar e aplicar conhecimentos das diferentes áreas da comunicação nunca foi tão necessário.

Talvez, num passado não tão distante para nós futuros jornalistas seria desnecessário aprofundarmos, por exemplo, na teoria dos 4Ps (preço,produto, praça e promoção) do marketing, mas com nossa imersão, seja profissional ou pessoal, nas redes sociais tem se tornado cada vez mais indispensável uma autoanalise de nossa atuação enquanto marca.

Pra isso já existem livros e diversos artigos que tratam da reputação on-line, bem como conceitos adaptados para a realidade da cybercomunicação, um deles trata dos 4Cs, uma analogia aos 4Ps do marketing, mas que tratam sobre a nossa atuação nas mídias sociais (blogs, Twitter, Likedin, Facebook, Orkut, You Tube...), sejam elas pessoais, profissionais ou corporativas.

Abaixo veja este conceito, definido por David Armano:

Conteúdo
Possuir um conteúdo de qualidade é o principal caminho para se atrair as pessoas certas e necessárias para formar uma comunidade que a sua marca espera ajudar a construir. Quando uma empresa considera alguma iniciativa para o desenvolvimento de uma comunidade, existem 3 questões que devem ser respondidas:
De onde vêm o conteúdo?
Se ele possui um valor incontestável?
Podemos manter um fluxo regular com um conteúdo de qualidade?
Independente da iniciativa, o importante é manter um conteúdo atual e relevante.

Contexto
Entenda-se por contexto a maneira como atender as pessoas no lugar certo e fornece-las a experiência mais adequada na hora exata. As melhores e mais adequadas ferramentas e funcionalidades possuem uma grande oportunidade para suprir as expectativas em relação ao contexto. Para se criar uma comunidade de sucesso é preciso que as ferramentas escolhidas para a sua construção sejam adequadas ao seu propósito. Contexto significa, por tanto, investir tempo no processo de conhecer como os seus seguidores, leitores e contatos desejam interagir com suas redes, se elas  preferem o Facebook ou qualquer outra plataforma, e com este conhecimento facilitar esse processo.

Conectividade
As redes prosperam, de uma forma única, em atividades de difícil mensuração que são em sua essência a raiz do relacionamento. Não se trata de um tipo de comunicação em massa e sim de micro-interações entre os membros. Desenvolvendo plataformas para suportar essas experiências de milhares de micro-interações significa que você está  comprometendo-se com uma causa ao invés de tentar criar um "tiro certeiro" para atingir um objetivo específico que não seja reconhecido pelas pessoas que ali estão envolvidas. As redes podem, na teoria, serem as novas plataformas de CRM (Customer Relationship Management), mas necessitam de pessoas para organizar. Se você tem a intensão de desenvolver uma plataforma para suportar uma comunidade, você precisará ser o Host na porta de entrada dessa rede social se você tiver sorte o suficiente para os seus convidados aparecerem.

Continuidade
As comunidades que prosperam evoluem freqüentemente para suprir as necessidades dos seus utilizadores. As comunidades precisam ser flexíveis ao ponto de poderem evoluir mais para frente, como se a comunidade estivesse em constante desenvolvimento, e precisa ainda oferecer um experiência valiosa, consistente e única para o usuário que, é claro, possa ser sustentada ao longo do tempo.
Resumindo, devemos pensar que desenvolver uma comunidade precisa ser igual ao conceito de CRM, e deve combinar ações de diversas disciplinas para que o sucesso seja obtido. Lembramos que uma comunidade não podem ser conduzido como se fosse uma campanha onde você faz o lançamento e depois o abandona.

Os 10 mandamentos para um bom jornalista


Desde as primeiras publicações, de 1800 até os dias atuais, pouco restou do jornalismo das páginas de estréia do Gazeta do Rio de Janeiro. Surgiram as faculdades de jornalismo, mudaram-se os meios de produção, os meios de consumo e no mesmo compasso a sociedade, de modo geral.

Como base nessas evidências, no ano de 2009, o Ministério da Educação (MEC) divulgou um documento de 26 páginas onde apresenta as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Jornalismo, sobretudo os que ainda permaneciam como habilitação do curso de Comunicação Social. 

Uma leitura fundamental para quem exerce o ofício, para os estão na faculdade, mas sobretudo para os que pretendem um dia estar lá.

Conheça (ou relembre) as 10 principais competências para o perfil ideal de um jornalista apto a atuar numa sociedade cada vez mais plural, com seriedade e comprometimento.

1- Compreender e valorizar o regime democrático, com a pluralidade de opiniões, os direitos humanos, a justiça social; 

2- Conhecer a história, a cultura, a realidade social, econômica e política brasileira – lembrando da diversidade regional e dos contextos latino-americanos; 

3- Distinguir entre o verdadeiro e o falso;

4- Analisar informações em qualquer campo de conhecimento;

5- Dominar a expressão oral e escrita em língua portuguesa;

6- Ter domínio de mais dois idiomas;

7- Interagir com pessoas e grupos sociais de formações culturais diversas e diferentes níveis de escolaridade;

8- Cultivar a curiosidade e a humildade em relação ao conhecimento;

9- Saber conviver com o poder, a fama e a celebridade; 

10- Atuar sempre com discernimento ético.


Imagem: ESPM
Fonte: MEC

Os diferentes tipos de trabalhos acadêmicos


Os trabalhos de conclusão dos cursos de graduação em Jornalismo quase sempre se configuram em monografias, entretanto, algumas instituições (como a UFPB, a qual faço parte) podem adotar outras produções, tais como áudio-visual e formatos jornalísticos. 

Especialmente para quem pretende fazer uma especialização ou seguir a carreira acadêmica torna-se indispensável a familiarização com as diferentes formas de produções acadêmicas, que definiremos a seguir: 

Artigo científico: é a apresentação escrita sucinta de um resultado de pesquisa realizada de acordo com a metodologia** de ciência aceita por uma comunidade de pesquisadores. Por esse motivo, considera-se científico o artigo que foi submetido ao exame de outros cientistas, que verificam as informações, os métodos e a precisão lógico-metodológica das conclusões ou resultados obtidos. 

Monografia: é a exposição exaustiva de um problema ou assunto específico, investigado cientificamente. O trabalho de pesquisa pode ser denominado  monografia quando é apresentado como requisito parcial para obtenção do título  de especialista ou de graduado com orientação de um professor ou profissional da área (doutor, mestre ou especialista) no caso de conclusão de curso. 

Dissertação: é um trabalho que representa também o resultado de um estudo científico, de tema único e bem definido em sua extensão, sem prezar pelo ineditismo, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento da literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização e domínio do tema escolhido. É feita sob a orientação de um pesquisador (doutor) para obtenção do título de mestre. 

Tese: é um documento que representa o resultado de um estudo científico ou uma pesquisa experimental de tema específico e bem delimitado, que preza pelo ineditismo e originalidade. Deve ser elaborada com base em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão. É realizada sob a coordenação de orientador (doutor), visando à obtenção do título de doutor ou similar (livre-docente)

(** Análise de discurso, análise de conteúdo, experimento, entre outras...)

Fonte: Facimed - Ms. RAFAEL AYRES ROMANHOLO